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Estudos
de Representatividade Ecológica nos Biomas Brasileiros
O Brasil é o país de maior biodiversidade
do Planeta. Foi o primeiro signatário da Convenção
sobre a Diversidade Biológica (CDB), e é
considerado megabiodiverso – país que reúne
ao menos 70% das espécies vegetais e animais
do Planeta –, pela Conservation International
(CI).
A biodiversidade pode ser qualificada pela diversidade
em ecossistemas, em espécies biológicas,
em endemismos e em patrimônio genético.
Devido a sua dimensão continental e à
grande variação geomorfológica
e climática, o Brasil abriga sete biomas, 49
ecorregiões, já classificadas, e incalculáveis
ecossistemas.
A biota terrestre possui a flora mais rica do mundo,
com até 56.000 espécies de plantas superiores,
já descritas; acima de 3.000 espécies
de peixes de água doce; 517 espécies de
anfíbios; 1.677 espécies de aves; e 518
espécies de mamíferos; pode ter até
10 milhões de insetos.
É preciso lembrar que abriga, também,
a maior rede hidrográfica existente e uma riquíssima
diversidade sociocultural. |
Os
estudos de representatividade ecológica levam
em consideração diversos elementos tais
como, riqueza biológica, vegetação,
biogeografia, distribuição de áreas
protegidas e antropismo.
Os estudos de representatividade têm por objetivo
verificar como os diversos ecossistemas – biomas,
ecorregiões e biorregiões – estão
sendo representados por meio de ações
conservacionistas como áreas protegidas, corredores
ecológicos, projetos de preservação
de espécies etc. Obtém-se, assim, uma
identificação e análise de lacunas,
que deverão ser consideradas na definição
de prioridades de conservação.
Os métodos de identificação de
ecorregiões, análise de lacunas, gestão
biorregional e ecorregional, estão sendo empregados
pelas principais instituições conservacionistas
mundiais, o que resulta na padronização
de procedimentos e eficiência nas ações. |
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Estudos
de Representatividade
O IBAMA/MMA, juntamente com a organização
não-governamental WWF Brasil, a partir de 1998,
desenvolveram os estudos de representatividade ecológica
para os ecossistemas brasileiros. Foi concluído
o estudo de representatividade para o Brasil, tomando-se
como referência biogeográfica os biomas
e ecorregiões; foi concluído, também,
o estudo de representatividade para o bioma Amazônia
com base nas suas 23 ecorregiões; foram identificadas
as 13 ecorregiões do bioma Mata Atlântica;
e estão em andamento os estudos para definição
das ecorregiões dos biomas Cerrado, Caatinga
e Mata Atlântica, executados pelo IBAMA, WWF,
UnB, Embrapa/Cerrados, UFPE e UFU.
O estudo de representatividade ecológica nos
biomas brasileiros já apontou a existência
de 49 ecorregiões e concluiu que, o Brasil –
ao se considerar as unidades de conservação
de proteção integral federais–,
além de ser um dos países com a menor
porcentagem de áreas especialmente protegidas,
apenas 1,99%, tem esta rede mal distribuída entre
seus biomas. Dentre outras conclusões, o estudo
demonstrou que o Cerrado, o segundo maior bioma brasileiro,
é um dos mais ameaçados do mundo e tem
somente 0,85% de sua área em unidades de conservação.
O bioma Mata Atlântica, o mais ameaçado
de todos, com apenas 73% da sua cobertura original,
tem 0,69% de áreas especialmente protegidas.
O bioma Caatinga possui, também, apenas 0,65%
conservado por unidades de conservação.
Ecorregiões |
Entende-se
por ecorregião um conjunto de comunidades naturais,
geograficamente distintas, que compartilham a maioria
das suas espécies, dinâmicas e processos
ecológicos, e condições ambientais
similares, que são fatores críticos para
a manutenção de sua viabilidade a longo
prazo (Dinnerstein,1995). |
1.
Sudoeste da Amazônia
2. Várzeas de Iquitos
3. Florestas do Caqueta
4. Campinaranas de Alto Rio Negro
5. Interflúvio do Japurá/Solimões-Negro
6. Interflúvio do Solimões/Japurá
7. Várzeas do Purus
8. Interflúvio do Juruá/Purus
9. Interflúvio do Purus/Madeira
10. Várzeas de Monte Alegre
11. Interflúvio do Negro/Branco
12. Florestas de Altitude das Guianas
13. Savanas das Guianas
14. Florestas das Guianas
15. Tepuis
16. Interflúvio do Uamatá/Trombetas
17. Interflúvio do Madeira/Tapajós
18. Interflúvio do Tapajós/Xingu
19. Várzeas do Gurupá
20. Interflúvio do Xingu/Tocantins-Araguaia
21. Várzeas do Marajó
22. Interflúvio do Tocantins-Araguaia/Maranhão
23. Florestas Secas de Chiquitano
24. Cerrado
25. Pantanal
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26.
Chaco Úmido
27. Campos Sulinos
28. Florestas de Araucária
29. Florestas do Interior do Paraná/Paranaíba
30. Florestas Costeiras da Serra do Mar
31. Campos Ruprestes
32. Florestas Costeiras da Bahia
33. Florestas do Interior da Bahia
34. Florestas Costeiras de Pernambuco
35. Florestas do Interior de Pernambuco
36. Brejos Nordestinos
37. Caatinga
38. Manguezais do Amapá
39. Manguezais do Pará
40. Restingas Costeiras do Nordeste
41. Manguezais da Bahia
42. Manguezais do Maranhão
43. Restingas da Costa Atlântica
44. Manguezais da Ilha Grande
45. Manguezais do Rio Piranhas
46. Manguezais do Rio São Francisco
47. Florestas Secas do Mato Grosso
48. Florestas Secas do Nordeste
49. Florestas de Babaçu do Maranhão |
Amazônia
Na Amazônia vivem e se reproduzem mais de um terço
das espécies existentes no planeta. Ela é
um gigante tropical de 4,1 milhões de km2. Porém,
apesar dessa riqueza, o ecossistema local é frágil.
A floresta vive do seu próprio material orgânico,
em meio a um ambiente úmido, com chuvas abundantes.
A menor imprudência pode causar danos irreversíveis
ao seu equilíbrio delicado.
A floresta abriga 2.500 espécies de árvores
(um terço da madeira tropical do planeta) e 30
mil das 100 mil espécies de plantas que existem
em toda a América Latina. Desta forma, o uso
dos recursos florestais pode ser estratégico
para o desenvolvimento da região. As estimativas
de estoque indicam um valor não inferior a 60
bilhões de metros cúbicos de madeira em
tora de valor comercial, o que coloca a região
como detentora da maior reserva de madeira tropical
do mundo.
A Amazônia é, também, a principal
fonte de madeira de florestas nativas do Brasil. O setor
florestal contribuiu com 15% a 20% dos Produtos Interno
Bruto (PIB) dos estados do Pará, Mato Grosso
e Rondônia.
Os insetos estão presentes em todos os estratos
da floresta. Os animais rastejadores, os anfíbios
e aqueles com capacidade para subir em locais íngremes
exploram os níveis baixos e médios. Os
locais mais altos são explorados por beija-flores,
araras, papagaios e periquitos à procura de frutas,
brotos e castanhas. Os tucanos, voadores de curta distância,
exploram as árvores altas. O nível intermediário
é habitado por jacus, gaviões, corujas
e centenas de pequenas aves. No extrato terrestre estão
os jabutis, cotias, pacas, antas etc. Os mamíferos
aproveitam a produtividade sazonal dos alimentos, como
os frutos caídos das árvores. Esses animais,
por sua vez, servem de alimentos para grandes felinos
e cobras de grande porte.
Mais do que uma floresta, a Amazônia é
também o mundo das águas onde os cursos
d’água se comunicam e sazonalmente sofrem
a ação das marés. A bacia amazônica
- a maior bacia hidrográfica do mundo com 1.100
afluentes - cobre uma extensão aproximada de
6 milhões de km2. Seu principal rio, o Amazonas,
corta a região para desaguar no Oceano Atlântico,
lançando no mar, a cada segundo, cerca de 175
milhões de litros de água. A Amazônia
é, de fato, uma região vasta e rica em
recursos naturais: tem grandes estoques de madeira,
borracha, castanha, peixe, minérios e outros,
com baixa densidade demográfica (2 habitantes
por km2) e crescente urbanização. Sua
riqueza cultural inclui o conhecimento tradicional sobre
os usos e a forma de explorar esses recursos sem esgotá-los
nem destruir o habitat natural. No entanto, a região
apresenta índices sócioeconomicos muito
baixos, enfrenta obstáculos geográficos
e de falta de infra-estrutura e de tecnologia que elevam
o custo da exploração.
Caatinga
Ocupando quase 10% do território nacional, com
736.833 km², a Caatinga abrange os estados do Ceará,
Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Sergipe,
Alagoas, Bahia, sul e leste do Piauí e norte
de Minas Gerais.
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Região
de clima semi-árido e solo raso e pedregoso,
embora relativamente fértil, o bioma é
rico em recursos genéticos dada a sua alta biodiversidade.
O aspecto agressivo da vegetação contrasta
com o colorido diversificado das flores emergentes no
período das chuvas, cujo índice pluviométrico
varia entre 300 e 800 milímetros anualmente.
A Caatinga apresenta três estratos: arbóreo
(8 a 12 metros), arbustivo (2 a 5 metros) e o herbáceo
(abaixo de 2 metros). A vegetação adaptou-se
ao clima seco para se proteger. As folhas, por exemplo,
são finas ou inexistentes. Algumas plantas armazenam
água, como os cactos, outras se caracterizam
por terem raízes praticamente na superfície
do solo para absorver o máximo da chuva. Algumas
das espécies mais comuns da região são
a amburana, aroeira, umbu, baraúna, maniçoba,
macambira, mandacaru e juazeiro. |
No
meio de tanta aridez, a Caatinga surpreende com suas
"ilhas de umidade" e solos férteis.
São os chamados brejos, que quebram a monotonia
das condições físicas e geológicas
dos sertões. Nessas ilhas é possível
produzir quase todos os alimentos e frutas peculiares
aos trópicos do mundo. Essas áreas normalmente
localizam-se próximas às serras, onde
a abundância de chuvas é maior.
Através de caminhos diversos, os rios regionais
saem das bordas das chapadas, percorrem extensas depressões
entre os planaltos quentes e secos e acabam chegando
ao mar, ou engrossando as águas do São
Francisco e do Parnaíba (rios que cruzam a Caatinga).
Das cabeceiras até as proximidades do mar, os
rios com nascente na região permanecem secos
por cinco a sete meses do ano. Apenas o canal principal
do São Francisco mantém seu fluxo através
dos sertões, com águas trazidas de outras
regiões climáticas e hídricas.
Quando chove, no início do ano, a paisagem muda
muito rapidamente. As árvores cobrem-se de folhas
e o solo fica forrado de pequenas plantas. A fauna volta
a engordar. Na Caatinga vive a ararinha-azul, ameaçada
de extinção. O último exemplar
da espécie vivendo na natureza não foi
mais visto desde o final de 2000. Outros animais da
região são o sapo-cururu, asa-branca,
cotia, gambá, preá, veado-catingueiro,
tatu-peba e o sagüi-do-nordeste, entre outros.
Cerca de 20 milhões de brasileiros vivem na região
coberta pela Caatinga, em quase 800 mil km2 de área.
Quando não chove, o homem do sertão e
sua família precisam caminhar quilômetros
em busca da água dos açudes. A irregularidade
climática é um dos fatores que mais interferem
na vida do sertanejo.
Mesmo quando chove, o solo pedregoso não consegue
armazenar a água que cai e a temperatura elevada
(médias entre 25°C e 29°C) provoca intensa
evaporação. Na longa estiagem os sertões
são, muitas vezes, semidesertos que, apesar do
tempo nublado, não costumam receber chuva.
Campos Sulinos
Além de florestas tropicais, Pantanal, Cerrado
e Caatinga, os Campos também fazem parte da paisagem
brasileira. No sul do país, a vegetação
é composta por campos limpos, as chamadas estepes
úmidas.
De um modo geral, o campo limpo é destituído
de árvores, com uma composição
bastante uniforme e com arbustos espalhados e dispersos.
O solo é revestido de gramíneas, subarbustos
e ervas.
Entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, os Campos
formados por gramíneas e leguminosas nativas
se estendem como um tapete verde por uma região
de mais de 200 mil km2. Nas encostas, esses campos tornam-se
mais densos e ricos. Nessa região, com muita
mata entremeada, as chuvas distribuem-se regularmente
pelo ano todo e as baixas temperaturas reduzem os níveis
de evaporação. Tais condições
climáticas favorecem o crescimento de árvores.
Os Campos do Sul ocorrem no chamado "Pampa",
uma região plana de vegetação aberta
e de pequeno porte que se estende do Rio Grande do Sul
para além das fronteiras com a Argentina e o
Uruguai. São áreas planas, revestidas
de gramíneas e outras plantas encontradas de
forma escassa, como tufos de capim que atingem até
um metro de altura.
Descendo ao litoral do Rio Grande do Sul, a paisagem
é marcada pelos banhados, isto é, ecossistemas
alagados com densa vegetação de juncos,
gravatás e aguapés que criam um habitat
ideal para uma grande variedade de animais como garças,
marrecos, veados, onças-pintadas, lontras e capivaras.
O banhado do Taim é o mais importante, devido
à riqueza do solo. Tentativas extravagantes de
drená-lo para uso agrícola foram definitivamente
abandonadas a partir de 1979, quando a área transformou-se
em estação ecológica. Mesmo assim,
a ação de caçadores e o bombeamento
das águas pelos fazendeiros das redondezas continuam
a ameaçar o local.
Cerrado
A extensa região central do Brasil compõe-se
de um mosaico de tipos de vegetação, solo,
clima e topografia bastante heterogêneos. O Cerrado
é a segunda maior formação vegetal
brasileira, superado apenas pela Floresta Amazônica.
São 2 milhões de km2 espalhados por 10
estados, ou 23,1% do território brasileiro. O
Cerrado é uma savana tropical na qual a vegetação
herbácea coexiste com mais de 420 espécies
de árvores e arbustos esparsos. O solo, antigo
e profundo, ácido e de baixa fertilidade, tem
altos níveis de ferro e alumínio.
Este bioma também se caracteriza por suas diferentes
paisagens, que vão desde o cerradão (com
árvores altas, densidade maior e composição
distinta), passando pelo cerrado mais comum no Brasil
central (com árvores baixas e esparsas), até
o campo cerrado, campo sujo e campo limpo (com progressiva
redução da densidade arbórea).
Ao longo dos rios há fisionomias florestais,
conhecidas como florestas de galeria ou matas ciliares.
Essa heterogeneidade abrange muitas comunidades de mamíferos
e de invertebrados, além de uma importante diversidade
de microorganismos, tais como fungos associados às
plantas da região.
O Cerrado tem a seu favor o fato de ser cortado por
três das maiores bacias hidrográficas da
América do Sul (Tocantins, São Francisco
e Prata), favorecendo a manutenção de
uma biodiversidade surpreendente. Estima-se que a flora
da região possua 10 mil espécies de plantas
diferentes (muitas usadas na produção
de cortiça, fibras, óleos, artesanato,
além do uso medicinal e alimentício).
Isso sem contar as 759 espécies de aves que se
reproduzem na região, 180 espécies de
répteis, 195 de mamíferos, sendo 30 tipos
de morcegos catalogados na área. O número
de insetos é surpreendente: apenas na área
do Distrito Federal há 90 espécies de
cupins, mil espécies de borboletas e 500 tipos
diferentes de abelhas e vespas.
O Cerrado tem um clima tropical com uma estação
seca pronunciada. A topografia da região varia
entre plana e suavemente ondulada, favorecendo a agricultura
mecanizada e a irrigação. Estudos recentes
indicam que apenas cerca de 20% do Cerrado ainda possui
a vegetação nativa em estado relativamente
intacto.
Mata Atlântica
A natureza exuberante que se estendia pelos cerca de
1,3 milhão de quilômetros quadrados de
Mata Atlântica na época do descobrimento
marcou profundamente a imaginação dos
europeus. Mais do que isso, contribuiu para criar uma
imagem paradisíaca que ainda hoje faz parte da
cultura brasileira, embora a realidade seja outra. A
exploração predatória a que fomos
submetidos destruiu mais de 93% deste “paraíso”.
Uma extraordinária biodiversidade, em boa parte
peculiar somente a essa região, seriamente ameaçada.
A Mata Atlântica abrange as bacias dos rios Paraná,
Uruguai, Paraíba do Sul, Doce, Jequitinhonha
e São Francisco. Originalmente estendia-se por
toda a costa nordeste, sudeste e sul do país,
com faixa de largura variável, que atravessava
as regiões onde hoje estão as fronteiras
com Argentina e Paraguai.
Espécies imponentes de árvores são
encontradas no que ainda resta deste bioma, como o jequitibá-rosa,
que pode chegar a 40 metros de altura e 4 metros de
diâmetro. Também destacam-se nesse cenário
várias outras espécies: o pinheiro-do-paraná,
o cedro, as figueiras, os ipês, a braúna
e o pau-brasil, entre muitas outras. Na diversidade
da Mata Atlântica são encontradas matas
de altitude, como a Serra do Mar (1.100 metros) e Itatiaia
(1.600 metros), onde a neblina é constante.
Paralelamente à riqueza vegetal, a fauna é
o que mais impressiona na região. A maior parte
das espécies de animais brasileiros ameaçados
de extinção são originários
da Mata Atlântica, como os micos-leões,
a lontra, a onça-pintada, o tatu-canastra e a
arara-azul-pequena. Além desta lista, também
vivem na região gambás, tamanduás,
preguiças, antas, veados, cotias, quatis etc.
Apesar da devastação sofrida, a riqueza
das espécies animais e vegetais que ainda se
abrigam na Mata Atlântica é espantosa.
Em alguns trechos remanescentes de floresta os níveis
de biodiversidade são considerados os maiores
do planeta.
Pantanal
O Pantanal é um dos mais valiosos patrimônios
naturais do Brasil. Maior área úmida continental
do planeta – com aproximadamente 210 mil km2,
sendo que 140 mil km2 em território brasileiro,
em parte dos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do
Sul – o Pantanal destaca-se pela riqueza da fauna,
onde dividem espaço 263 espécies de peixes,
122 espécies de mamíferos, 93 espécies
de répteis, 1.132 espécies de borboletas
e 656 espécies de aves. As chuvas fortes são
comuns nesse bioma. Os terrenos, quase sempre planos,
são alagados periodicamente por inúmeros
corixos e vazantes entremeados de lagoas e leques aluviais.
Na época das cheias estes corpos comunicam-se
e mesclam-se com as águas do Rio Paraguai, renovando
e fertilizando a região.
O equilíbrio desse ecossistema depende, basicamente,
do fluxo de entrada e saída de enchentes que,
por sua vez, está diretamente ligado à
pluviosidade regional.
De forma geral, as chuvas ocorrem com maior freqüência
nas cabeceiras dos rios que deságuam na planície.
Com o início do trimestre chuvoso nas regiões
altas (a partir de novembro), sobe o nível de
água dos rios, provocando as enchentes.
O mesmo ocorre paralelamente com o Rio Paraguai, não
havendo como escoar toda a água acumulada. As
águas se espalham e cobrem, continuamente, vastas
extensões em busca de uma saída natural,
que só é encontrada centenas de quilômetros
adiante, no encontro com o Rio Paraná, que deságua
no Rio da Prata e este, no Oceano Atlântico, fora
do território brasileiro. As cheias chegam a
cobrir até 2/3 da área pantaneira.
A partir de maio inicia-se a "vazante" e as
águas começam a baixar lentamente. Quando
o terreno volta a secar permanece, sobre a superfície,
uma fina mistura de areia, restos de animais e vegetais,
sementes e húmus, propiciando grande fertilidade
ao solo.
A natureza repete, anualmente, o espetáculo das
cheias, proporcionando ao Pantanal a renovação
da fauna e flora local. Esse enorme volume de água,
que praticamente cobre a região pantaneira, forma
um verdadeiro mar de água doce onde milhares
de peixes proliferam. Peixes pequenos servem de alimento
a espécies maiores ou a aves e animais.
Quando o período da vazante começa, uma
grande quantidade de peixes fica retida em lagoas ou
baías, não conseguindo retornar aos rios.
Durante meses, aves e animais carnívoros (jacarés,
ariranhas e outros) têm, portanto, um farto banquete
à sua disposição.
As águas continuam baixando mais e mais e nas
lagoas, agora bem rasas, peixes como o dourado, pacu
e traíra podem ser apanhados com as mãos
pelos homens. Aves grandes e pequenas são vistas
planando sobre as águas, formando um espetáculo
de grande beleza.
Zona Costeira
A Zona Costeira brasileira é extensa e variada.
O Brasil possui uma linha contínua de costa com
mais de 8 mil quilômetros de extensão,
uma das maiores do mundo. Ao longo dessa faixa litorânea
é possível identificar uma grande diversidade
de paisagens como dunas, ilhas, recifes, costões
rochosos, baías, estuários, brejos e falésias.
Dependendo da região, o aspecto é totalmente
diferente do encontrado a poucos quilômetros de
distância. Mesmo os ecossistemas que se repetem
ao longo do litoral - como praias, restingas, lagunas
e manguezais - apresentam diferentes espécies
animais e vegetais. Isso se deve, basicamente, às
diferenças climáticas e geológicas.
O litoral amazônico, que vai da foz do Rio Oiapoque
ao Rio Parnaíba, é lamacento e tem em
alguns trechos mais de 100 km de largura. Apresenta
grande extensão de manguezais, assim como matas
de várzeas de marés. Jacarés, guarás
e muitas espécies de aves e crustáceos
são alguns dos animais que vivem nesse trecho.
O litoral nordestino começa na foz do Rio Parnaíba
e vai até o Recôncavo Baiano. É
marcado por recifes calcáreos e arenitos, além
de dunas que, quando perdem a cobertura vegetal que
as fixa, movem-se com a ação do vento.
Há ainda nessa área manguezais, restingas
e matas. Nas águas do litoral nordestino vivem
tartarugas e o peixe-boi marinho, ambos ameaçados
de extinção.
O litoral sudeste segue do Recôncavo Baiano até
São Paulo: a área mais densamente povoada
e industrializada do país. Suas áreas
características são as falésias,
recifes, arenitos e praias de areias monazíticas
(mineral de cor marrom escura). É dominado pela
Serra do Mar e tem a costa muito recortada, com várias
baías e pequenas enseadas. O ecossistema mais
importante dessa área é o das matas de
restingas. Nessa parte do litoral é possível
encontrar espécies como a preguiça-de-coleira
e o mico-sauá, dois animais ameaçados
de extinção.
O litoral sul começa no Paraná e termina
no Arroio Chuí, no Rio Grande do Sul. Cheio de
banhados e manguezais, o ecossistema da região
é riquíssimo em aves, mas há também
outras espécies: ratão-do-banhado, lontras,
capivaras etc.
Há muito ainda para se conhecer sobre a dinâmica
ecológica do litoral brasileiro. Complexos sistemas
costeiros distribuem-se ao longo, fornecendo áreas
para a criação, crescimento e reprodução
de inúmeras espécies de flora e fauna.
Zona de Transição
Algumas zonas com características específicas,
existentes entre os principais biomas brasileiros, foram
identificadas e separadas para facilitar as tarefas
e esforços de conservação. Uma
delas é a transição entre o Cerrado
e a Amazônia, com área de 414.007 km2,
envolvendo as florestas secas de Mato Grosso. As florestas
de babaçu do Maranhão também foram
separadas, na zona de transição Amazônia-Caatinga,
com área de 144.583 km2. Finalmente, também
foi classificada separadamente a zona encontrada entre
a Caatinga e o Cerrado, com 115.108 km2 de área.
Entre a Amazônia e o Cerrado está localizada
a Mata Seca, ou floresta mesófila semidecídua.
Representa uma forma florestal de manchas inclusas com
características comuns do Cerrado, sendo por
vezes contornadas ou ladeadas por manchas desse bioma.
Quase sempre seus maciços ocorrem em locais afastados
dos cursos de água ou da umidade permanente,
em terrenos ondulados ou planos. No entanto, os maciços
tornam-se menos freqüentes nos declives e dorsos
das elevações acentuadas.
O babaçu (Orbygnia phalerata mart) é uma
palmeira nativa das regiões norte e nordeste
do Brasil. Compõe extensas florestas, ocupando
áreas onde a floresta primária foi desmatada.
Além do nome babaçu, também é
conhecida por bagassú, aguassú e coco
de macaco. Ocorre em uma zona de transição
entre as florestas úmidas da bacia amazônica
e as terras semi-áridas do Nordeste brasileiro.
O clima nessa área é bem mais úmido
do que na Caatinga, com vegetação mais
exuberante à medida em que se avança para
o oeste. A vegetação natural é
a mata dos cocais, onde se encontra a palmeira babaçu,
da qual é extraído óleo utilizado
na fabricação de cosméticos, margarinas,
sabões e lubrificantes. A economia local é
basicamente agrícola, predominando as plantações
de arroz nos vales úmidos do estado do Maranhão.
Na década de 80, no entanto, teve início
o processo de industrialização da área,
com a instalação de indústrias
que constituem extensões dos projetos minerais
da Amazônia.
Já na transição entre o Cerrado
e a Caatinga pode observar-se uma vegetação
mais rica que a da Caatinga, com florestas de árvores
de folhas secas. Naturalmente, o clima é mais
seco que o do Cerrado, com solo mais ressecado e períodos
mais intensos sem chuva. A maior parte desta área
está na fronteira do Cerrado com o sertão,
no interior de estados nordestinos.
Biomas do RS
No Rio Grande do Sul ocorrem dois biomas, Mata Atlântica
e Pampa, sendo que este último só tem
ocorrência no RS, ocupando 63% do seu território
e 2,07% do território brasileiro.
Bioma é conceituado como um conjunto de vida
(vegetal e animal) constituído pelo agrupamento
de tipos de vegetação contíguos
e identificáveis em escala regional, com condições
geoclimáticas similares e história compartilhada
de mudanças, o que resulta em uma diversidade
biológica própria.
Lista de Espécies ameaçadas de Extinção
do RS:
http://www.fzb.rs.gov.br/extincao.htm
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Vegetação
do RS
O IBGE com base na bibliografia fitogeográfica,
em levantamento dos remanescentes de vegetação
e em trabalhos de campo estimou a extensão dos
tipos de vegetação do Brasil, classificados
em Regiões Fitoecológicas e Áreas
de Vegetação.
O mapeamento representa uma reconstituição
dos tipos de vegetação do território
brasileiro na época do descobrimento. Mostra
as Regiões Fitoecológicas e as demais
áreas de Vegetação com seus grupos
e subgrupos. |
A
Região Fitoecológica compreende um espaço
definido por uma florística de gêneros
típicos e de formas biológicas características
que se repetem dentro de um mesmo clima, podendo ocorrer
em terrenos de litologia variada, mas com relevo bem
marcado. (Fonte: IBGE, 2004)
O RS apresenta as seguintes Regiões Fitoecológicas:
Floresta Ombrófila Densa
Floresta Ombrófila Mista
Floresta Estacional Semidecidual
Floresta Estacional Decidual
Estepe (Campos gerais planálticos e da campanha
gaúcha)
Savana Estépica
Áreas de Formações Pioneiras
Sistema de transição (Áreas de
Tensão Ecológica)
Floresta Ombrófila Densa – o termo criado
por Ellemberg & Mueller-Dombois (1965/6) substituiu
Pluvial (de origem latina) por Ombrófila (de
origem grega), ambos com o mesmo significado “amigo
das chuvas”. |
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Sua
principal característica ecológica reside
nos ambientes ombrófilos, relacionada com os
índices termo-pluviométricos mais elevados
da região litorânea. A precipitação
bem distribuída durante o ano, determina uma
situação bioecológica praticamente
sem período seco.
Esta vegetação apresenta três estratos
definidos, o superior formado por espécies dominantes
como o tanheiro (Alchornea triplinervia), o angico (Parapiptadenia
rígida), a canela-preta (Ocotea catharinensis),
entre outras. No estrato intermediário destaca-se
a ocorrência do palmito (Euterpe edulis), espécie
ameaçada de extinção no RS e no
estrato arbustivo são encontradas inúmeras
espécies, como a samambaia preta (Hemitelia setosa)
e o xaxim (Dicksonia sellowiana).
No RS sua ocorrência está restrita à
região nordeste do Estado, recobrindo a encosta
leste do Planalto Meridional (Serra Geral), em altitudes
que vão desde a Planície Costeira, quase
ao nível do mar, até cerca de 900 m, junto
à borda do Planalto.
Floresta Ombrófila Mista - caracterizada por
apresentar o estrato superior dominado pelaAraucária
angustifolia, que dá a paisagem uma fisionomia
própria. O estrato inferior é constituído
por árvores mais baixas ou arbustos arborescentes,
pertencente em grande parte às Mirtáceas,
sendo comum a casca d’anta (Drymis brasiliensis)
e o pinheiro bravo (Podocarpus lambertii).
Floresta típica do Planalto Meridional, ocorrendo
no RS em altitudes entre 500 m ao oeste a 1.000 m a
leste, onde se destacam três núcleos principais:
na borda dos Aparados entre o rios Maquiné e
das Antas, na borda da encosta sul do Planalto, entre
os rios Taquari e dos Sinos e em pleno Planalto Central,
no curso superior do rio Jacuí. |
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Floresta
Estacional Semidecidual – a principal característica
ecológica deste tipo de vegetação
é representada pela dupla estacionalidade climática,
representada no Estado, pela chamada seca fisiológica
provocada pelo frio intenso do inverno, com temperaturas
médias inferiores a 15ºC. A percentagem
das árvores que perdem as folhas no conjunto
florestal situa-se entre 20 e 50%.
Além das florestas semideciduais localizadas
na região da encosta inferior do nordeste, merecem
destaque as localizadas na serra do sudeste, a oeste
das Lagoas dos Patos e Mirim, onde, em função
das características edáficas, estão
inseridas numa paisagem diferenciada, formada por um
mosaico de vegetação muito variada, que
inclui os campos limpos, campos sujos , matas arbustivas
e florestas-parque.
Floresta Estacional Decidual – este tipo de vegetação
é caracterizado por duas estações
climáticas bem demarcadas. |
No RS, embora o clima seja ombrófilo, possui
uma curta época muito fria e que ocasiona,
provavelmente, a estacionalidade fisiológica
da floresta.
Esta formação ocorre na forma de disjunções
florestais apresentando o estrato dominante predominantemente
caducifólio, com mais de 50% dos indivíduos
despidos de folhas no período frio.
Sua ocorrência é destacada na região
do Alto Uruguai, ao norte do Estado, e na borda sul
do Planalto, acompanhando a Serra Geral, até
as proximidades do rio Itu ( afluente do rio Ibicuí),
fazendo limite com os campos da Campanha gaúcha.
De modo geral, as espécies integrantes da Floresta
Estacional da região do rio Uruguai são
as mesmas da encosta sul do planalto, mas apesar disso,
ocorre certo número de espécies próprias.
A canafístula (Peltophorum dubium) e o timbó
(Ateleia glazioviana), por exemplo, são espécies
características da Floresta do Alto Uruguai.
Estepe (Campos gerais planálticos e da campanha
gaúcha)A fisionomia dos campos do RS é
bastante variável, apresentando uma grande
diversidade de formações locais, em
face, principalmente das várias diferenciações
de solo.
Nos campos localizados nas altitudes mais elevadas
do Estado, os denominados Campos de Cima da Serra,
temos a ocorrência de capões de Araucária
angustifólia e de solos turfosos com gramíneas,
tibouchinas e juncais.
Os chamados Campos da Campanha, localizados em altitudes
de até 300 m, apresentam uma grande variabilidade
de formações vegetais, constituídas
pelas famílias das gramíneas, compostas
e leguminosas.
Savana EstépicaEsta classificação
é empregada para denominar a área do
“sertão árido nordestino”
com dupla estacionalidade e também uma área
disjunta no norte do Estado de Roraima e duas outras
áreas também disjuntas, uma no extremo
sul do Mato Grosso e outra na barra do rio Quaraí,
no Rio Grande do Sul.
A disjunção do “Parque do Espinilho”
ocorre na planície alagável situada
no extremo sudoeste do RS. Encontra-se ainda bastante
preservada e seus ecotipos naturais revestem terrenos
de deposição recente, localizados entre
os rios Quaraí e Uruguai.
Áreas de Formações PioneirasSituam-se
na Planície Costeira e ao longo da rede hidrográfica
da Depressão Central e da Campanha. Nestas
áreas encontram-se espécies desde herbáceas
até arbóreas, com ocorrência de
variadas formas biológicas, adaptadas às
diferentes condições edáficas
aí reinantes. As formações vegetais
encontradas são de influência marinha
(restinga), fluvial (comunidades aluviais) e fluvio-marinha
(manguezal e campos salinos).
Sistema de transição (Áreas de
Tensão Ecológica)Ecótono - Área
de mistura florística entre tipos de vegetação
(Ex. Floresta Ombrófila Mista/Floresta Estacional
Decidual)
Encrave - Área disjuntas que se contatam, mas
onde cada uma guarda suas características ecológicas.
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O
IBGE lançou, o Mapa de Fauna Ameaçada
de Extinção – Mamíferos,
Répteis e Anfíbios.
O lançamento dá início, segundo
o instituto, às atividades da Semana do Meio
Ambiente. As publicações podem ser compradas
nas livrarias do IBGE e acessados na página do
instituto, na área de Geociências, em “Recursos
Naturais”.
Segundo afirmam técnicos do instituto no documento
de divulgação, 69 espécies de mamíferos,
20 de répteis e 16 de anfíbios estão
sob ameaça de extinção, de acordo
com levantamento do Ibama, e o Mapa de Fauna Ameaçada
de Extinção do IBGE mostra a distribuição
geográfica por Estado desses animais, seus nomes
científicos e populares e as categorias de ameaça
em que se encontram: alta, média ou baixa.
O caso mais sério de todos, segundo o documento
de divulgação, é o da Phrynomedusa
fimbriata, popularmente conhecida apenas como perereca,
que antes era encontrada em Paranapiacaba, subdistrito
da cidade de Santo André, no ABC Paulista, região
da Serra do Mar, e hoje já se encontra totalmente
extinta.
Em 2006, o IBGE já havia lançado o mapa
das aves ameaçadas. Ainda em 2007, deverá
publicar outro, retratando ao todo 130 espécies
e subespécies de insetos e demais invertebrados
terrestres sob risco de extinção. |
Lista
de Espécies ameaçadas |
Mamíferos
ameaçados .
Antílope-tibetano (Pantholops hodgsonii)
Elefante-indiano (Elephas maximus)
Elefante-da-floresta (Loxodonta cyclotis)
Elefante-da-savana (Loxodonta africana)
Baleia-azul (Balaenoptera musculus )
Chimpanzé (Pan troglodytes)
Gorila-do-ocidente (Gorilla gorilla)
Gorila-do-oriente (Gorilla beringei)
Leopardo (Panthera pardus)
Lobo-vermelho (Canis rufus)
Morcego-cinza (Myotis grisescens)
Muriqui (Brachyteles arachnoides)
Orangotango (Pongo pygmaeus e Pongo abelii)
Panda-gigante (Ailuropoda melanoleuca)
Peixe-boi (Trichechus manatus)
Rinoceronte-de-sumatra (Dicerorhinus sumatrensis)
Tigre (Panthera tigris)
Onça-Pintada
Urso-polar (Ursus maritimus)
Veado (Elaphurus davidianus)
Anfíbios ameaçados
Peixes ameaçados
Tubarão-baleia (Rhincodon typus)
Crustáceos ameaçados
Caranguejo-amarelo (Gecarcinus lagostoma)
Artrópodes ameaçados
Borboleta-da-restinga (Parides ascanius)
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Aves
ameaçadas
Arara-azul-de-lear
Arara-azul-grande
Arara-azul-pequena
Ararinha-azul
Araracanga ou Arara-piranga
Arara-de-barriga-amarela
Arara-vermelha
Bacurau-de-rabo-branco
Bicudo-verdadeiro
Cardeal-da-amazônia
Maracanã
Papagaio
Rolinha
Tucano-de-bico-preto
Répteis ameaçados
Tartaruga-marinha
Tartaruga-de-couro
Dragão-de-komodo
Jacaré-de-papo-amarelo
Plantas
ameaçadas
Pau-brasil
Pau-de-cabinda
Jacarandá
Andiroba
Cedro
Mógno
Pau-Rosa
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